terça-feira, 1 de março de 2011

Análise crítica do livro O Seminarista de Rubem Fonseca

O SEMINARISTA

1- PARTES DO ENREDO

1.1 Exposição:
“Sou conhecido como o Especialista, contratado para serviços específicos. O Despachante diz quem é o freguês, me dá as coordenadas e eu faço o serviço. Antes de entrar no que interessa – Kirsten, Ziff, D.S., Sangue de Boi – eu vou contar como foram alguns dos meus serviços.”
Capítulo 1, página 7: O Especialista aqui diz exatamente o que ele é: um assassino. Contratado e pago pelo Despachante. A história de desenvolve depois com os outros quatro personagens.

1.2 Complicação:
“Afinal decidi que ia me aposentar da minha função, deixar de ser o Especialista... Possuía bastante dinheiro rendendo em aplicações bancárias e estava cansado de fazer os serviços que o Despachante me pedia, mesmo recebendo aquela grana roxa.”
Capítulo 5, página 33: Contando quando resolveu deixar de ser o Especialista.


“Encontrei minha alemãzinha quando tomava café no balcão de uma delicatéssen... sentou-se ao meu lado, pediu um expresso e quando o café foi servido ela foi se ajeitar no banco em que estava sentada e derramou o expresso fervendo no meu braço. Consternada, levantou-se do banco pedindo desculpas, pegou um monte de guardanapos de papel e começou a secar meu braço.”
Capítulo 6, página 43: Como José Kibir conheceu Kirsten.


“Estou dizendo para você tomar cuidado. Tem gente encarregado de fazer o serviço em você, mas não já, estão esperando o resultado de uma investigação. Grana roxa.”
[...]
“Não sei quem foi. Mas alguém quer te foder, mas antes querem descobrir o que você sabe sobre o mandante do serviço que você fez, aquele gordo cheio de joias. Querem saber se você abriu o bico para alguém.. Porque esse for o caso, essas pessoas para quem você fez confidências vão ter que ser aniquiladas junto com você.”
Capítulo 10, páginas 69 e 70: Sangue de Boi alerta José Kibir que querem matá-lo.


“...ao sair de casa para ir andar pelas ruas, vejo, tomando café numa loja de expresso, a minha Kirten e, pasmem assim com,o eu fiquei pasmo: ao seu lado o Despachante.”
[...]
“Os dois conversavam com aquele ar confidencial de pessoas que trocam segredos, um olhar periférico atento aos circunstantes.”
Capítulo 11, página 77 e 78: José Kibir descobre que Kirsten é filha do Despachante.


“ ’Esse freguês, El Gordo, era quem tomava conta dos depósitos offshore do dono da Zeta, e por algum motivo Ziff queria ElGordo morto’ disse o despachante. ‘Ele tinha um arquivo de computador com todas as informações financeiras que efetuava para o milionário, principalmente a parte de importação de cocaína da Colômbia. Não sei se já te disse que o Ziff importa praticamente toda a cocaína que é consumida em nosso país, mas não se mete no varejo, é muito esperto. Precisamos achar esse disco. Vou dar um pulo na praia da Ferradura e fuçar a casa de El Gordo. O disco com as informações sumiu. O Ziff deve achar que você apanhou o CD e o deu para mim. Por isso estamos na alça de mira dele.”
Capítulo 13, páginas 89 e 90: A trama para a morte dos protagonistas da história se resume nessa passagem em que explica o motivo de tal ameaça.


“- O que foi que aconteceu com um sujeito que veio aqui ontem? O carro dele está parado em frente.
- Um camarada de óculos escuro? Foi liquidado.
- Onde está o corpo?
- No Oceano Atlântico.”
Capítulo 13, página 93: José Kibir descobre que mataram o Despachante.


1.3 Clímax:
“Eu ainda estava no meio do porre quando entrei em casa. Mas o porre passou num segundo. Kirsten estava sentada na cadeira da sala, morta, com um tiro no peito. Eu nunca havia chorado na minha vida, mas ajoelhei-me ao seu lado, deitei a cabeça no seu colo e chorei, uivando como um animal selvagem.”
Capítulo 21, página 169: O Especialista encontra Kirsten morta.


“Quando Ziff abriu a porta do quarto com uma arma na mão, atirei no seu pulso e decepei a mão do filho da puta.
[...]Ele ajoelhou, o sangue pingando da cratera que abriu no seu braço.
[...]- Você vai me contar tudo. Por que matou minha mulher, seu filho da puta?
[...]Quando Ziff parou de falar dei um tiro na sua cabeça”
Capítulo 21, página 170: O Especialista matando Ziff.


“Saltei na porta casarão... Com alguma dificuldade escalei o muro e pulei no jardim. Fui até a varanda e dei um tiro na cabeça do vigia, ele morrei antes de acordar.
[...}
Sentei na beira da cama. Ele acordou, como eu acordo, de estalo, sem sonolência, com a mente alerta.
- Zé, - ele disse, sentando-se na cama, - a que devo esse prazer?
- D.S., Ziff me contou tudo [...] Depois de duas mãos decepadas disse que você era o chefe dele. Disse não, provou, com documentos. Ele era seu testa de ferro. Você era quem manobrava tudo, era o verdadeiro dono da Zeta, o dono do atacado de cocaína. Bem eu achava estranho você ter ganhado tanto dinheiro com historinhas em quadrinhos.[...] D.S., você fala demais. Vou começar arrancando a sua língua. Onde está o disco?
- Na gaveta daquela mesa com o notebook.
O disco com a inscrição Zeta estava lá. Peguei o disco.
- Você matou muita gente por causa desse disco.
Encostei a Glock no nariz dele e abri um buraco de mina. Depois dei um tiro na têmpora esquerda e outro tiro na têmpora direita e outro no seu peito na altura do coração. Finalmente com a faca da cozinha cortei as suas duas carótidas.”
Capítulo 22, páginas 171, 172, 173 e 174: O Especialista desmascarando D.S., recuperando o disco e o matando.


1.4 Desfecho:
“Muitos meses se passaram desde que ela morreu. O delegado não me indiciou por nenhuma das mortes, livrei-me da polícia, mas o tira Vasquez ficou meu amigo e às vezes almoçamos juntos num pé-sujo. É o único amigo que tenho. Mulher não tenho nenhuma.
O incêndio na casa do milionário D.S., considerado criminoso, permaneceu um mistério.
Na parede da sala do meu apartamento eu olhava um quadro com uma foto ampliada de Kirsten. Eu a amaria para sempre. Amor aeternus.”
Capítulo 23, página 43: Como José Kibir conheceu Kirsten.



2. PERSONAGENS

2.1 Protagonistas
Podemos dizer que o Especialista ou José Joaquim Kibir é o protagonista que ao mesmo tempo também é o anti-herói. Seu serviço era executar pessoas denominadas fregueses que eram indicadas pelo Despachante. Era pequeno, magrelo e feio (p.18), não gostava de ler jornais para não saber quem eram os fregueses, gostava de filme e ler principalmente poesia (p.13), fazia seminário porque esse era o desejo de sua mãe (p. 37), mas saiu por ser um sujeito libidinoso (p.42), gostava de rock (p. 52) e era torcedor do Vasco (p. 74). Diz que não tem amigos (p. 41), mas termina amigo do policial Vasquez (p. 177).
O Despachante que mais tarde revelou ser o pai de Kirsten e se chamar Gunther. Sweder. Era um cara magro, alto, muito branco, louro, sempre usava terno preto, camisa branca, gravata preta e óculos escuros (p. 7) e tinha os olhos azuis rutilantes (p. 77). Era quem contratava o Especialista para matar. Foi morto em Búzios.
Kirsten foi uma das mulheres com quem o Especialista diz ter se envolvido, mas foi a única por quem se apaixonou. Descobre depois que é filha do Despachante. Tinha cabelos louros como um trigal e olhos azuis rutilantes como safiras. (p. 44), bunda perfeita, durinha, (p. 45), devia pesar menos de 50 quilos e ter mais de 1,60m (p. 52). Corpo perfeito com dois ossos laterais salientes da pélvis, barriga lisa como tábua, seios como dois limõezinhos empinados, e também com a maciez da sua pele, e também com sua voz sussurrante.


2.2 Antagonistas
D.S., o grande vilão da história. Estudou no seminário junto com o Especialista. Muito inteligente e culto, um verdadeiro exegeta (p.67). Responsável por tramar a morte do Despachante e de Kirsten, além de outros personagens secundários. No final, descobre que ele era o dono da Zeta e do atacado de cocaína.
Sangue de Boi tinha esse apelido porque o pai dele só tomava vinho dessa marca. O Especialista relata que o conheceu depois que abandonou o seminário e achava que ele era um dos seus únicos amigos. Mas não era. Participou da captura e tortura dele e foi morto depois pelo Seminarista ao ser descoberto seu envolvimento no plano para matar os protagonistas.
Ziff era o suposto dono da Zeta e do atacado de cocaína que depois é entrega ao Especialista os documentos que comprovam que D.S. o testa de ferro.

2.3 Personagem secundário
O tira Vasquez terminou como o único amigo do Especialista. Era quem passava as informações da investigação sobre as mortes que envolvia como suspeito José Joaquim Kibir. A única descrição física que há sobre ele é que possuía os dentes amarelos talvez devido fumar muito (p. 139).


3. TEMPO
O tempo é cronológico. Não é possível descrever a época em que se passa a história, mas é possível afirmar que até a morte de D.S. não há qualquer afirmação de longa passagem de tempo. Só após a morte de Kirsten, no último capítulo, é que é mencionado que se passaram muitos meses.

4. AMBIENTE
Toda a história se passa na cidade do Rio de Janeiro girando em torno sempre do Centro. Há apenas um trecho em Búzios.

5. NARRADOR
A narração é feita em 1ª pessoa. É um narrador protagonista.

6. TEMA – ASSUNTO – MENSAGEM

6.1 Tema: violência.
6.2 Assunto: a história de um assassino que resolve abandonar a profissão, mas não está livre dos efeitos de seus trabalhos e suas escolhas e precisa enfrentar um passado que acredita ter superado.
6.3 Mensagem: a pessoa não deixa de ser o que é.

7. DISCURSO
Discurso direto.